Aula sobre ciência


Caros colegas, compartilho com vocês, slides referentes a uma aula sobre ciência. O conteúdo pode ser acessado pelo link:

Nesta aula desenvolvemos uma breve análise sobre os conceitos do termo ciência desde os mais tradicionais, até os mais contemporâneos. Analisamos também os pressupostos básicos da ciência tradicional e da ciência contemporânea. Finalmente, mostramos brevemente a classificação das ciências.

Leia mais...

A relação entre biblioteca e bibliotecário: uma breve reflexão


O contexto majoritário da sociedade considera a Biblioteca um simples espaço de leitura e empréstimo de livros. Muitos Bibliotecários ainda estão no ostracismo de trabalhar a função técnica da Biblioteconomia, valorizando, sobretudo, a catalogação, classificação e indexação. Isso implica dizer, evidentemente, que a visão de ambos os aspectos encontram-se cerceadas a terminologias vagas. Todavia, essa “vaguidade” pode ser suscetivelmente percebida pela classe biblioteconômica e alguns grupos de áreas afins.

Assim, fica a interpelação: Quais motivos levam os dois aspectos supramencionados a se caracterizarem de forma tão supérflua? Inicialmente é importante afirmar que a Biblioteca, normativamente, falando deveria desenvolver atividades muito mais amplas do que as tradicionais que são os empréstimos de livros. Em segundo lugar, vale a ressalva que o profissional adequado para trabalhar no desenvolvimento das atividades de uma Biblioteca é o profissional Bibliotecário. Então, estes profissionais não desenvolvem corretamente ou desenvolvem cerceadamente as atividades prementes de uma Biblioteca?

Seria mais uma vez vago responder afirmativamente a questão. É praticamente impossível avaliar as condições do contexto conjuntural entre biblioteca e bibliotecário, sem mencionar e elucidar algumas questões: a educação, sociedade governo, mídia.

O primeiro fator reflete a máxima da afirmação de muitos intelectuais: o investimento na educação é primordial para o desenvolvimento político, social, econômico, cultural e tecnológico do país. Isso aconteceu em países como o Japão, Alemanha, etc. A Biblioteca deveria ser utilizada como instrumento de educação suplementar. O que seria isso? Simplesmente o aparato onde a sociedade poderia exercer suas atividades escolares, acadêmicas, como leituras, escritos e, mormente a pesquisa, pois esta faz parte das características de uma formação mais ampla dos estudantes, vez que insufla a prática dos outros fatores citados.

Desse modo, como a Biblioteca não é bem explorada em seus atributos culturais e científicos o Bibliotecário fica a mercê de um tecnicismo, onde a prática de técnicas estudadas no curso de Biblioteconomia torna-se atividades preponderantes. Isso ocorre em virtude de inúmeros fatores: falta de estrutura da universidade para o desenvolvimento de atividades, desinteresse do docente, que fica resignado com as técnicas estudadas, sem procurar fontes de informação mais amplas para desenvolver atividades que corroborem mais com o seu local de trabalho, concomitantemente ao cerceamento de muitos locais de trabalho em exigir do Bibliotecário apenas o uso das técnicas acima mencionadas, sem reconhecer o valor de atividades educativas, sociais e culturais, que poderiam ser concretizadas por este profissional, dentre alguns outros aspectos.

Em complementação ao primeiro, o segundo é a prova cabal dos maus investimentos na educação, vez que a maioria não reconhece a Biblioteca como um pólo importante para grandes atividades. Os motivos são os mais variados possíveis: questão social, onde milhões de pessoas pouco têm o que comer, e dificilmente atentarão para a Biblioteca como uma corroboração para a sua vida. Uma frase do grande filósofo Karl Marx pode ampliar os laços de inteligibilidade do assunto, quando afirma que o ser humano para o desenvolvimento de suas atividades básicas como andar, correr, estudar, é necessário que ele tenha subsistência alimentar. Desse modo, é possível compreender que em virtude dessa questão milhões de pessoas não poderão reconhecer as atividades da Biblioteca, dado que essa grande quantidade de pessoas não tem condições físicas, sociais, cognitivas e intelectuais de usufruir da instituição supramencionada, bem como esta pouco chega às comunidades mais carentes, com o intuito de suprir necessidades educativas e alimentares (embora a segunda não seja o seu papel, mas para o seu reconhecimento nas comunidades carentes é um forte aliado) e quando chega é de forma efêmera, no contexto majoritário dos casos evidentemente.

Para uma compreensão mais elucidativa do assunto é preciso mencionar a vertente governamental que implica dizer a questão política. O governo pouco investe em educação no Brasil, comprovando um alto índice de disparidade social, miséria, fome, dentre outros fatores. O investimento do governo na educação está comprovado que é o principal fator aumentativo do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Contudo, este fato ainda está muito aquém de ter eficácia no Brasil. Assim, as Bibliotecas, como instrumento de educação suplementar ou, para alguns, até básica, fica sem estrutura física, de acervo e financeira para que o bibliotecário tenha fomento e condições para o desenvolvimento de outras atividades.

O quarto fator refere-se à mídia. Em alguns casos, o monopólio midiático oferece de informações sem análises mais profundas, onde o espectador não consegue absorver de forma promissora as informações emitidas. É evidente que a mídia produz grandes conteúdos, concomitantemente a conteúdos supérfluos e alienantes. Outro fator da mídia é o monopólio que interfere nas questões políticas do país, onde esta se apossa de vários interesses governamentais, prejudicando o interesse da população em seu aspecto majoritário.

Vale salientar como esses fatores são importantes para a constituição de uma Biblioteca reconhecida e de um Bibliotecário atuante. Com efeito, é importante que a classe biblioteconômica atente para os problemas da Biblioteca, a fim de que ambos possam ser reconhecidos com importantes atividades para a sociedade e para o país. Percebe-se que a escassez de ações políticas por parte da categoria, é outro motivo que leva ao descaso com as Bibliotecas.

Dessa forma, é fundamental a ação das categorias, que numa deliberação coletiva entre conselhos, associações, profissionais, docentes e estudantes combatam esse tipo de postura adotada pelo governo, visto que isso se caracteriza como total desvalorização da profissão de Bibliotecário para o desenvolvimento das atividades em questão. Não obstante a necessidade de capacitação do Bibliotecário para desenvolver tarefas de cunho eminentemente tecnológico (automação de Bibliotecas, Bibliotecas Virtuais, softwares livres); políticas (debates, seminários); sócio-educativas (trabalhos comunitários, visando o estímulo a leitura) e culturais (exposições de diversos assuntos), é preciso perceber que muitas aplicações a atividades em Bibliotecas relegam o Bibliotecário. Esta não é a única e nem será a última se não houver uma ação eminentemente política por parte das categorias biblioteconômicas. Está faltando ação política ao Bibliotecário, a fim de reivindicar maior visibilidade no mercado e na sociedade. É preciso união e o objetivo do enaltecimento da profissão, visando a concomitante sobrepujança da instituição Biblioteca.

Verifica-se também a importância de uma ação política dos Conselhos Regionais de Biblioteconomia (CRB’s e Conselho Federal de Biblioteconomia - CFB), Associações (pode ser encabeçada pelas associações estaduais), a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), bem como de Docentes, Profissionais e Estudantes disseminados pela nação, visando possibilitar uma grande articulação, a fim de pressionar os órgãos governamentais e outras instituições a reconhecerem efetivamente a profissão do Bibliotecário como importante para a sociedade.

Para tanto, é mister que seja trabalhado em cada estado e/ou a partir de uma integração entre os estados uma força tarefa que vise, inicialmente, a sensibilização e posterior mobilização das categorias biblioteconômicas para o êxito do reconhecimento da instituição Biblioteca e da Profissão Bibliotecário. A ação deve partir de um grupo consciente e envolvido com a causa. É difícil, mas é preciso um grande pensamento politizado, concatenado e reivindicatório, de sorte que há uma interdependência e reciprocidade de ações, entre a Biblioteca e o Bibliotecário, o que facilita o crescimento de ambos.

Contudo, de nada adianta toda essa mobilização se não houver projetos, idéias e propostas. Uma profissão que quer ser reconhecida no mercado precisa de uma mobilização política baseada numa proposta sólida. Muitas vezes o bibliotecário se questiona por qual motivo a sua função não é tão valorizada. Mas seria mais pertinente perguntar antes: qual a minha função profissional? Quais os projetos que eu tenho a mostrar, visando a satisfação da sociedade? Quais as minhas propostas de ação profissional, visando ser aceito e reconhecido pela minha instituição.

Portanto, essa relação entre biblioteca e bibliotecário aprece muito óbvia para a classe biblioteconômica no pensamento, mas será que na prática essa relação é tão visível assim? Olhando para as bibliotecas públicas, escolares, comunitárias e populares essa relação passa a não ser tão óbvia assim. Agora, imagine para a sociedade. Por isso, é de fundamental importância que a formação acadêmica em Biblioteconomia e a prática profissional estejam direcionadas no agir social, na satisfação dos interesses da sociedade, pois são eles que irão valorizar ou não a profissão. Mas enquanto a função do bibliotecário estiver direcionada apenas no fazer técnico e organizacional (com as exceções logicamente), a sociedade dificilmente compreenderá o potencial da Biblioteconomia como uma área efetivamente capaz de fazer uma biblioteca fluir e mostrar o seu potencial social, cultural e educativo.

Jonathas Carvalho
Leia mais...

Abertas inscrições para o mestrado e doutorado em Ciência da Informação IBICT/UFRJ


Estão abertas as inscrições para o mestrado e doutorado em Ciência da Informação promovido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) em parceria com a UFRJ.

As inscrições têm seu início no dia 28 de outubro e vão até 13 de novembro de 2009.


Mais informações sobre o processo de inscrição e seleção no edital:


Outras informações sobre o Programa, Regulamento, Professores/Pesquisadores e as disciplinas do mestrado e doutorado acessar:


Boa sorte para quem tentar!!!

Leia mais...

Materiais sobre Bibliotecas Comunitárias



Caros leitores, disponibilizamos aqui alguns artigos, textos, sites, entre outros instrumentos que falem sobre biblotecas comunitárias. Como pouco se fala sobre o assunto e o pouco que se fala está normalmente fragmentado é pertinente agregarmos o que está sendo falado sobre o assunto.


É interessante também pensarmos que a Biblioteconomia precisa voltar mais o seu olhar para a criação e estruturação de bibliotecas comunitárias, pois aproximam a profissão da sociedade, ampliam os lações de ação social da área, além de mostrar que uma biblioteca bem construída precisa da participação direta de um profissional especializado que é o BIBLIOTECÁRIO.











MONOGRAFIA

DISSERTAÇÃO

TESE

LIVRO

SITES E BLOGS

Biblioteca Comunitária




Leia mais...

Modelo de Biblioteca Escolar - comunidade no ORKUT



Caros colegas, compartilhamos neste espaço a comunidade do ORKUT relativa a atividade de extensão, cujo nome é: MODELO DE BIBLIOTECA ESCOLAR.
A comunidade pode ser acessada em:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=8183730&refresh=1

Estaremos frequentemente informando e atualizando sobre os encaminhamentos desse programa de extensão.

Informações sobre a proposta de extensão no link:

http://professorjonathascarvalho.blogspot.com/2009/08/modelo-de-biblioteca-escolar.html

Leia mais...

Atividade de reflexão - Disciplina de Metodologia da Pesquisa - Curso de Biblioteconomia da UFC - CARIRI


Atividade de reflexão referente a disciplina de Metodologia da Pesquisa em Ciência da Informação e Biblioteconomia do quinto semestre da UFC - CARIRI.

Diante dos problemas causados pela Influenza A subtipo H1N1, também conhecida como gripe A (H1N1) fazemos as seguintes perguntas:


Qual o papel da ciência no combate a Gripe A (H1N1)?

Qual o papel da Ciência da Informação, como área do conhecimento científico no processo de prevenção e orientação sobre a gripe H1N1?




Leia mais...

Trabalho sobre acesso a informação para pessoas com deficiência auditiva e visual


O aluno Cícero Carlos Oliveira da Silva do curso de Biblioteconomia da UFC - CAMPUS CARIRI desenvolve um trabalho a partir do SENAC do município do Crato (CE) relativo a inclusão social e informacional de deficientes visuais e auditivos. O discente mostra a Biblioteconomia brasileira a necessidade de um olhar mais atento para esse público que é tão significativo e, muitas vezes, pouco percebido por profissionais e pela sociedade de maneira mais ampla.

Carlos apresentou, juntamente com a professora do curso de Biblioteconomia da UFC - CARIRI Patrícia Maria da Silva, um trabalho no CBBD em Bonito - MS (2009) relatando a sua experiência sobre o trabalho que desenvolve, cuja temática foi:

O ACESSO A INFORMAÇÃO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E VISUAL NA BIBLIOTECA DO SENAC CRATO (CE)

Disponibilizamos aqui o RESUMO do trabalho:

O relato trata das experiências com usuários deficientes auditivos e visuais da Biblioteca Especializada em Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) situada na cidade de Crato, no sul do Ceara. Com base nos serviços oferecidos no Instituto Benjamin Constant (IBC) e Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), desenvolve projetos de incentivo a leitura na sua Unidade de Informação. Percebendo a carência de atendimento especializado nas bibliotecas, para pessoas com portadoras de deficiências na Região do Cariri, forma e disponibiliza seu acervo especializado em braille e libras para pessoas com deficiência de Crato e cidades vizinhas.

Palavras-chave: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Pessoa portadora deficiência visual. Pessoa portadora de deficiência auditiva. Biblioteca. Inclusão.

A estrutura do artigo comporta os seguintes tópicos:

1 INTRODUÇÃO

2 BIBLIOTECAS PARA AS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: AUDITIVA E VISUAL

3 A UNIDADE DE INFORMAÇÃO DO SENAC E OS SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS

4 COMO TUDO COMEÇOU: etapas e contribuições para o acesso ao conhecimento da pessoa com deficiência

5 OS PROJETOS DA BIBLIOTECA

6 RESULTADOS E BIBLIOTECA EM NÚMEROS

7 CONCLUSÃO

8 REFERÊNCIAS


Quem quiser ter acesso ao artigo completo é só enviar e-mail para:
Leia mais...

Entrevista com Ezequiel Theodoro

Indicamos aqui uma entrevista feita pelo PNLL (Política Nacional do Livro e da Leitura) com Ezequiel Theodoro. Escritor e Pedagogo, Ezequiel Theodoro é mestre em educação pela Universidade de Miami e doutor em educação (psicologia da educação) pela PUC-SP. Sócio fundador e presidente de honra da Associação de Leitura do Brasil – ALB (biênio 2007-2008), também exerceu o cargo de secretário municipal de Educação de Campinas.

Para saber mais informações sobre o PNLL acessem o site: http://www.pnll.gov.br/

Nesta entrevista para o PNLL, Ezequiel conta como foi o III Encontro dos Dirigentes dos PNLL no Chile e os preparativos para o próximo COLE.
- O senhor acaba de retornar do Chile, onde participou do III Encontro dos Dirigentes dos PNLL. Qual o panorama atual da leitura no contexto ibero-americano? Houve alguma mudança significativa nos últimos anos?

Catorze países apresentaram os seus Planos Nacionais de Leitura e dois, os seus programas em fase de desenvolvimento, que poderão vir a ser Planos Nacionais. A mim me pareceu que existe uma forte preocupação em vencer os desafios que ainda persistem no campo da leitura e, ao lado disto, uma vigorosa redefinição - ou adensamento - da concepção de leitura, colocando-a no quadro dos direitos de cidadania e alçando-a à categoria dos processos educativos que são fundamentais ao desenvolvimento dos países. Cabe destacar a atmosfera de cooperação e intercâmbio que preponderou ao longo das reuniões, o que permite antever o nascimento de planos coletivos, cooperativos, colaborativos, para estudar mais profundamente os problemas existentes nas várias regiões ibero-americanas. Depois de presenciar todas as exposições e participar dos debates, não me restou dúvida sobre a existência de avanços e mudanças, para melhor, na maioria dos países participantes do encontro.

- Como o senhor avalia a situação brasileira em comparação aos outros países ibero-americanos?

Não ficamos devendo nada a nenhum deles, com exceção, talvez, da Argentina, que possui uma rede capilarizada e centenária de bibliotecas populares por todo o país e vários programas para a promoção da leitura, unindo dinamicamente educação e cultura. Segundo pude constatar, o nosso PNLL é um "modelo" para vários planos nacionais de leitura. Não posso deixar de relatar o carinho e o respeito que os participantes demonstraram por José Castilho, cujas intervenções foram magníficas ao longo de todo o encontro. Os programas que mais me impactaram foram: (1) o do Uruguai: o governo daquele país doou um laptop para cada estudante das escolas públicas e estabeleceu uma imensa rede de conexão à Internet por todos os cantos do país, incluindo a zona rural. Acredito que os resultados desse esforço serão sentidos a curtíssimo prazo; (2) o de Portugal, com um programa focado em bebês e crianças em idade de jardim de infância, envolvendo a orientação de país para dinamizar o livro e promover a leitura; e (3) o do Chile, que criou um personagem chamado "Leo" para fazer a difusão da leitura na mídia - sem dúvida um programa abrangente e ramificado, que deixará resíduos positivos para a formação de leitores.

- A ALB existe desde o começo dos anos 80 e o senhor está lá desde o início. Quais eram as metas naquela época e quais os desafios de hoje?

A meta básica não mudou em nada: continua sendo a "democratização da leitura no Brasil", pois a não-equidade e a injustiça social permanecem enraizadas em todas as esferas da sociedade brasileira. Patinamos durante muito tempo, fazendo uma política do livro desgarrada de políticas de leitura e o resultado está aí para a gente ver. Hoje em dia temos uma dívida social imensa no campo das práticas de leitura, principalmente da leitura da escrita (impressa ou virtual). E dentro de um panorama muito mais complexo, pois as novas tecnologias de informação modificaram significativamente os suportes e os modos de ler. Ainda acho que o desafio maior fica por conta do investimento em recursos humanos e em centros de difusão da leitura, capazes de gestar e operacionalizar uma revolução qualitativa nos vários quadrantes da leitura brasileira. A ALB e o COLE tentam, há 30 anos, contribuir para que a ciência avance, circule e sirva para orientar objetivamente as políticas de leitura em nosso país.

- A próxima edição do Cole é inspirada em uma frase do poeta Manuel de Barros, “o olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo”. O que precisamos transver para transformar o nosso país em uma sociedade leitora?
Transver criticamente o que nos falta para então de construir um terreno mais fértil e promissor para as práticas de leitura entre as classes sociais. Um terreno desigual em função das várias realidades que encontramos nas diferentes regiões brasileiras. A todo instante precisamos "ver-rever-transver" no sentido perceber com sensibilidade as necessidades educacionais, culturais e de leitura do nosso povo e projetar caminhos que levem os indivíduos para frente, evitando patinar ou retroceder. Temos autores, temos literatura, temos editoras de alto nível, mas falta-nos o desenvolvimento do outro pólo, o da leitura, para equilibrarmos a gangorra e chegarmos a uma sociedade leitora.

- Com a Web e outras mídias digitais, as pessoas irão ler mais? O estímulo à leitura hoje é um processo diferente de antes da explosão da Internet? Qual a sua avaliação dessas novas ferramentas para a divulgação da literatura e para a educação?

A escrita da Internet ainda é escrita, agora virtual. Esta escrita se soma às escritas manuscrita e impressa, abrindo perspectivas inusitadas para acesso aos múltiplos textos que encontramos nas e entre as sociedades do mundo contemporâneo. Em Santiago, no penúltimo dia do Encontro [dos Dirigentes dos PNLL], o pensador colombiano Jesus Martín-Barbero falou sobre a importância da linguagem digital e da multimídia no desenvolvimento dos leitores para a realidade de hoje. Inclusive, apresentou programas em que o ponto de partida é a análise crítica da mídia para, a partir daí, "escrever" a vida de uma outra forma. Hoje, convivemos com diferentes suportes e tecnologias da escrita e a educação não poderá nunca fugir a essa realidade, sob o risco de proporcionar um ensino obsoleto, fora do seu tempo. Isto não significa o abandono ou o esquecimento do livro e dos demais suportes impressos. Pelo contrário, o que defendo aqui é um ensino eclético, atualizado, que forme um leitor "redondo", capaz de uma convivência sadia com as várias escritas da atualidade, sabendo situar-se frente a todas elas em termos de conhecimento e usufruto.

- Qual a importância dos mediadores de leitura? Quais os aspectos que precisam ser trabalhados para consolidar o livro e a leitura no Brasil?

Pesquisas que venho realizando na Faculdade de Educação da Unicamp mostram que, infelizmente, os nossos mediadores de leitura, de pais a professores, estão lendo cada vez menos. Não é incomum encontrar professores com repertórios culturais reduzidíssimos, composto de fragmentos da cultura de massa. Cada vez mais frequentemente entram para o magistério pessoas que nunca leram um livro na vida ou que declaradamente afirmam não gostar de ler. Se tomarmos a leitura como um processo que qualifica as ações, reações e decisões de um sujeito, então veremos que é imprescindível que ele seja um alicerce para o trabalho de docência. Nestes termos, tomando os professores e bibliotecários como os principais agentes mediadores de leitura das sociedades contemporâneas, acredito que deveria existir um maior rigor nos processos de formação desses profissionais. Ao lado de uma formação rigorosa (básica e continuada) dos mediadores, temos que avançar muito na área das bibliotecas públicas e escolares e outras formas de difundir os artefatos da escrita e promover as práticas de leitura. Sem esse tipo de equilíbrio, regado com altos investimentos, não acredito em transformação, para melhor, da leitura no Brasil ou em qualquer outro país do mundo.
Leia mais...

Slides de aula sobre CDD


Caros colegas, compartilho com vocês slides de uma aula sobre a Classificação Decimal de Dewey (CDD). Os slides falam também sobre alguns Sistemas de Classificações Bibliográficas e Científicas, assim como sobre a utilização da CDD na atualidade. Os slides também constam de alguns exercícios de classificação pela CDD.

Os slides podem ser acessados no link:

Leia mais...

Indicação de livro sobre biblioteca pública


Abrimos espaço para indicar um livro sobre biblioteca pública escrito por Philip Gill, cujo título é:


O livro possui uma proposta muito interessante de análise sobre a realidade das bibliotecas públicas, pois mostra os procedimentos teóricos, técnicos, administrativos e práticos para uma conduta ética, transparente e preocupada com as necessidades do usuário.

Para se ter uma noção melhor do livro, eis o sumário do livro:

Prefácio
Introdução

Capítulo 1 Papel e objectivos da biblioteca pública

1.1 Introdução
1.2 Definição da biblioteca pública
1.3 Objectivos da biblioteca pública
1.4 Uma instituição de mudança
1.5 Liberdade de informação
1.6 Acesso para todos
1.7 Necessidades locais
1.8 Cultura local
1.9 Raízes culturais da biblioteca pública
1.10 Bibliotecas sem paredes
1.11 Os edifícios
1.12 Recursos
Capítulo 2 Enquadramento legal e financeiro

2.1 Introdução
2.2 A biblioteca pública e a Administração Pública
2.3 Legislação sobre as bibliotecas públicas
2.4 Financiamento
2.5 A tutela da biblioteca pública
2.6 Administração da biblioteca pública
2.7 Publicidade e promoção

Capítulo 3 Ao encontro das necessidades dos utilizadores

3.1 Introdução
3.2 Identificação de utilizadores potenciais
3.3 Análise das necessidades da comunidade
3.4 Serviços ao utilizador
3.5 Apoio ao utilizador
3.6 Formação do utilizador
3.7 Cooperação e partilha de recursos
3.8 Redes electrónicas
3.9 Acesso a serviços
3.10 Edifícios das bibliotecas

Capítulo 4 Desenvolvimento de colecções

4.1 Introdução
4.2 Política de gestão de colecções
4.3 Variedade de recursos
4.4 Desenvolvimento de colecções
4.5 Princípios de manutenção de colecções
4.6 Normas para colecções de livros
4.7 Normas para serviços de informação electrónica
4.8 Programa de desenvolvimento de colecções para novas bibliotecas 4.9 Taxas de aquisição e descarte

Capítulo 5 Recursos humanos

5.1 Introdução
5.2 Competências do pessoal de biblioteca
5.3 Categorias de pessoal
5.4 Normas éticas
5.5 Deveres do pessoal de biblioteca
5.6 Níveis de pessoal
5.7 Formação de bibliotecários
5.8 Acções de formação e actualização
5.9 Desenvolvimento da carreira
5.10 Condições de trabalho
5.11 Voluntariado
Capítulo 6 Gestão e marketing das bibliotecas públicas

6.1 Introdução
6.2 Competências a nível da gestão
6.3 Construção e manutenção de redes
6.4 Gestão financeira
6.5 Gestão dos recursos da biblioteca
6.6 Gestão de pessoal
6.7 Planeamento e desenvolvimento de sistemas de biblioteca
6.8 Gestão da mudança
6.9 Delegação
6.10 Instrumentos de gestão
6.11 Marketing e promoção

Apêndices

1 Manifesto da IFLA/UNESCO sobre Bibliotecas Públicas
2 Lei finlandesa das bibliotecas (904/1998)
3 Carta de utilizador (serviços da biblioteca do condado de Buckinghamshire)
4 Normas para os edifícios de bibliotecas - Ontário, Canadá e Barcelona, Espanha

Lista de recursos
Índice remissivo

Quem quiser conhecer o Manifesto da UNESCO para as biblotecas públicas podem ter acesso:


Leia mais...

Violência e segurança: o programa Ronda do Quarteirão do governo Cid Gomes e suas questões criminais e sociais



É visível que a questão da violência é um dos assuntos mais abordados no Brasil, seja pela mídia, pelos políticos, pelos empresários, terceiro setor, enfim, da sociedade de maneira mais ampla. E a solução considerada mais eficiente é a segurança. Assim, com esse clamor, fica o questionamento: por qual motivo um assunto que é tão abordado e que possui uma solução tão presumível parece estar longe de estabelecer o êxito? A resposta parece ser simples: é que a solução não paira simplesmente sob o viés da segurança.

Não obstante a esta afirmação, isso não significa dizer que a segurança não seja necessária na sociedade atual, mas pelo contrário, é preciso a estruturação de um poder que proteja a sociedade dos assaltantes, das quadrilhas, dos traficantes e, de maneira mais ampla, daqueles que praticam delitos. Porém, mesmo com a segurança reforçada, os resultados satisfatórios não passarão de efemeridades.

Mas qual o motivo dos questionamentos do parágrafo anterior? A resposta é complexa, mas possível de ser elucidada. Primeiramente, o problema da violência é uma questão ampla e que precisa ser tratada em contextos macros e a segurança deve seguir o mesmo roteiro.

Isso implica dizer que a segurança não deve ser tratada apenas como um problema policial ou criminal, mas como uma conjuntura social, pois a condição policial torna-se um aspecto bélico, jogando de lado a sociedade e do outro a bandidagem, sendo que os resultados mais práticos serão alguns momentos de tranqüilidade e outros muito turbulentos para a sociedade, enquanto a questão social é um trabalho que envolve o bandido como elemento chave, a fim de modificar suas ações, através de um trabalho educativo, cultural, relacionado à satisfação de necessidades elementares como alimentação, moradia, saneamento, dentre outros desenvolvidos continuamente e que envolve muitos investimentos. Mas é notável que um fator não exclui o outro, ou seja, ambos podem ser trabalhados em caráter concomitante e promover resultados bem mais efetivos.

Sendo mais objetivo, a ênfase no Programa Ronda do Quarteirão é uma prova cabal de que o problema da violência é tratado meramente como uma questão policial e a condição social é relegada a um plano inferior. É inegável que com este Programa ocorre à fortificação da segurança pública, implicando na amenização do “pânico do medo” por parte da população, já que o trabalho é intensivo (24 horas por dia).

Segundo o Blog do jornalista Eliomar de Lima (2008) expõe que o secretário da Fazenda, Mauro Filho afirmou que, só no ano de 2007, o Programa Ronda do Quarteirão foi responsável pelo investimento de 70 milhões de reais e prevê nos próximos três anos, o investimento de aproximadamente 5 bilhões. Até aí tudo normal, caso não fosse o maciço investimento na segurança em detrimento de outras áreas cruciais para a subsistência da população, pois também em 2007, a habitação teve um investimento reduzido em 55% e no saneamento básico a 71%.

Diante dessas afirmações faz-se necessário perguntar: como investir amplamente em segurança se alguns aspectos fundamentais estão sendo desprezados? Será que a priorização em massa da segurança não pode causar males sociais bem mais complexos, dificultando as condições necessárias para a segurança?

Acredita-se que o processo de instauração da segurança pública vai bem mais além do que simplesmente a estruturação de uma polícia para fazer vigilância. Vale ressaltar que a segurança pública deve envolver também a reestruturação de uma política pública penitenciária, bem como a necessidade de envidar novas práticas educativas e sociais, visando estimular as transformações na vida dos detentos.

Essas perguntas são cruciais pelo fato de que o bem-estar social é um fator preponderante para amenizar o problema da violência e facilitar o trabalho da segurança pública, isto é, investir na segurança e na educação, na saúde, na habitação, no saneamento básico e outros, pois se configura no reforço da idéia de que a diminuição de roubos, assaltos, mortes e do tráfico serão combatidos com um profundo trabalho coletivo a curto e a médio prazo (segurança) e um trabalho social (longo prazo). Segundo o próprio secretário da Fazenda o binômio educação-saúde consta também como prioridade.

Porém, ao que parece, o Governo do Estado do Ceará não vê ou ao menos não quer passar para a população o real e amplo caráter semântico do processo de segurança pública. Isso pode ser comprovado no próprio site do Governo (2008) quando menciona que:

A violência é, sem dúvida, um dos mais sérios problemas encontrados hoje nas grandes cidades brasileiras. Com uma população em plena expansão, o País sofre com mazelas sociais como: tráfico de drogas, crime organizado, assaltos, assassinatos e até a formação de milícias independentes que comandam regiões inteiras. Nesse contexto, o Governo do Estado, deu, na noite desta quinta-feira (12/06), mais um importante passo para a melhoria da segurança pública do Estado com a entrega de mais vinte novas áreas do programa Ronda do Quarteirão. No segundo princípio o Governador destaca o aparato tecnológico é outro ponto que diferencia o Programa. “Temos hoje o que melhor existe no mundo em tecnologia. Estamos sempre procurando avançar. O Ronda conta com viaturas 4x4 equipadas com câmeras, computador de bordo, GPRS, celular, e motos off-road, que servem de apoio”, disse Cid Gomes. O terceiro princípio é defendido por Cid Gomes como “o cidadão”, onde conclui ser isso que vai permitir o controle das estatísticas do Programa. “Peço para que as pessoas não se acomodem e denunciem as ocorrências”, finalizou.

A pretensão aqui não é desdenhar da importância do Programa Ronda do Quarteirão que pode contribuir muito com a segurança pública do Estado, tanto pelos investimentos que têm sido feitos e pela tecnologia disponibilizada, como pela ação nos bairros da capital, zona metropolitana, algumas cidades do interior e em grandes eventualidades, mas é visível que se configura apenas num fator paliativo a fim de dar mostras a sociedade que um amplo trabalho está sendo desenvolvido para combater a criminalidade.

Entendemos ser improvável o combate a criminalidade apenas com uma política de segurança através de uma polícia comunitária. É preciso aprimorar o poder investigativo fortalecendo a polícia civil, dando subsídios aos profissionais para que possam ter melhores condições de trabalho a fim de desempenhar as suas atividades com mais presteza e segurança. Isso significa em remodelar o sistema de segurança carcerária, investindo em estrutura, capacitação dos profissionais e oferecendo melhores condições educativas e informativas aos presos.

A dificuldade em se combater a criminalidade reside também no fato de que o tráfico, roubos e práticas criminosas se dão num âmbito tão organizado e lucrativo que apenas a proposição de um Programa como o Ronda do Quarteirão são incipientes para resolução do problema, atestando que o programa supramencionado é embrionário de uma política pública criminal e não social.

Portanto, se o governo de Cid Gomes comungar a violência como um problema social (investir maciçamente em segurança, educação, saúde, habitação e outros setores) e não apenas policial (já que a segurança está inserida no setor social) fica evidente que a violência poderá ser consideravelmente minimizada nos próximos anos. A população clama por soluções rápidas e atreladas a um contexto macro: social, político, educacional e cultural, que efetivamente combatam a violência.


REFERÊNCIAS


LIMA, Eliomar de. SEFAZ garante: Ronda do Quarteirão estará em toda a região metropolitana até maio. Disponível em <http://eliomardelima.blogspot.com/2008/02/sefaz-garante-ronda-do-quarteiro-cobrir.html> Acesso em: 05 abr. 2008.

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. Cid Gomes entrega mais 20 novas equipes do Ronda do Quarteirão. Disponível em Acesso em: 13 jun. 2008.


Informações sobre o Programa Ronda do Quarteirão no link:
Leia mais...

Texto de Mário de Andrade sobre Biblioteconomia

Mário de Andrade

Compartilho com vocês um texto de Mário de Andrade, cujo título é:
“BIBLIOTECONOMIA”

O contato com os livros e manuscritos dessas idades que irreverentemente costumamos chamar de “passado”, será que nos deixa o ser mais antigo?... Parece. Positivamente não é a mesma coisa a gente ler Matias Aires numa edição primeira ou numa reimpressão contemporânea. A transposição moderna conterá sempre a mesma substância, e mesmo nas raríssimas edições honestas, a substância estará enriquecida de comentários, correções, esclarecimentos. Mas o importante é que não são apenas os dados da verdade que um livro pode nos fornecer. Quem julgar assim, sabe ler pelo meio.

O livro não é apenas uma dádiva à compreensão; é, deve ser principalmente, um fenômeno de cultura. Quem lê indiferentemente um escrito numa edição do tempo ou noutra moderna, numa edição mal impressa ou noutra tipograficamente perfeita, num bom como num mau papel, esse é um egoísta, cortado em meio em sua humanidade. Lê porquê sabe ler, e apenas. O livro lido apenas para se saber o teor do escrito é sempre singularmente subversivo da humanidade que trazemos em nós. O fenômeno mais característico desse individualismo errado, a gente encontra nos estudantes que, na infinita maioria, são pervertidos pelos seus livros de estudo. Não que todos os livros escolares sejam ruins, os rapazes é que ainda não aprenderam a ler. Lêem para saber a verdade que está nos livros, e apenas. O resultado são essas almas imperialistas, tão freqüentes nos ginásios, vivendo em decretos desamorosos, incapazes de distinguir, comendo, dormindo, respirando afirmações. O estudante pernóstico, corrigindo os erros do pai!

Nas civilizações contemporâneas mais energicamente respeitosas do homem, as universidades, os livreiros, se esforçam para apresentar o livro, não apenas como um repositório de verdades, mas como um fenômeno duma totalidade muito mais fecunda que isso. Pela boniteza da impressão, pela generosidade do papel, pelo conselho encantador das gravuras, os bons livros modernos não querem nos obrigar apenas a saber a vida, mas a gostar dela porém.

Ora, já de muito, bem que venho matutando em que talvez a verdade menos deva ser um objeto de conhecimento, que de contemplação... Não será essa diferença fundamental que separa o encanto maravilhoso de Platão, da secura sem beijos de Aristóteles, no entanto bem mais verdadeiro?... Não será esse engano das nossas civilizações, que torna tão rasteiras, monetárias,dogmáticas,em oposição às grandes civilizações da Ásia, bem mais gostosas e subtis?

E cheguei como certo esforço adonde pressentia que desejava chegar: o livro antigo, o manuscrito original, pela sua venerabilidade, pelo esforço de acomodação à leitura, pela exigência permanente de controle do que diz, não nos deixa nunca na psicologia individualista de quem aprende, mas no êxtase amplíssimo, difuso, contagioso da contemplação. Ele nos reverte à nossa antiguidade.

Deixem que eu diga, mas nas civilizações novatas que nem as desta América, os seres tão profundamente imorais, no sentido em que a moral é uma exigência derivada aos poucos do ser tanto indivíduo como social. Não nos custa a nós, americanos, aceitar religiões, filosofias, e mesmo importar civilizações aparentemente complexas. O nosso dicionário vai de A para Z, direitinhamente. Tem F tem L e tem R: Fé, Lei, Rei. O que não nos é possível importar é a precedência orgânica dessa Fé, dessa Lei e desse Rei, nascidos de outras experiências. Nós existimos pouco, demasiado pouco. Nós existimos em desordem É que nos falta antiguidade, nos falta tradição inconsciente, nos falta essa experiência por assim dizer fisológica da nossa moralidade que, só por si, torna a palavra “passado” duma incompetência larvar.

Isso nem o ótimo livro moderno conseguirá nos fornecer. O livro antigo é moral, com a subtil prevalência de não ser de uma moral ensinada (que é sempre pelo menos duvidosa) mas uma moral vivida. É um banho inconsciente de antiguidade. E si na mão do bibliófilo o livro mais antigo é uma volúpia incomparável, estou que devemos arrancá-lo dessas mãos pecaminosas e bota-lo nas mãos rápidas do moço. Convém tomar os moços mais lentos, e iniciar no Brasil o combate às velocidades do espírito. Que abundância de meninos-prodígios transfere a vida agora da beca difícil dos clérigos pro quépi chamariz dos generais... Vivo meio sufocando.

Eu desconfio que ninguém achará razão nestas palavras, quando o que me intitula é a Biblioteconomia. Mas para mim foram os pensamentos sossegados que pensei e quis dizer. Para mim, que envelheço rápido, o pensamento como a vista já não vão preciosamente perdendo aquele dom de precisão categórica, que define as idéias como as coisas nos seus limites curtos. De-fato a Biblioteconomia, é dentre as artes aplicadas, uma das mais afirmativas. Diante desse mundo misteriosíssimo que é o livro, a Biblioteconomia parece desamar a contemplação, pois categoriza a ficha. É engano quase de analfabeto imaginar tal desamor; e não foi senão por um velho hábito biblioteconômico que, faz pouco, me fichei na categoria dos envelhecidos, o que posso jurar ser pelo menos uma precipitação.

Isso é a grandeza admirável da Biblioteconomia! Ela torna perfeitamente acháveis os livros como os seres, e alimpa a escolha dos estudiosos de toda suja confusão. Este o seu mérito grave e primeiro. Fichando o livro, isto é, escolhendo em seu mistério confuso uma verdade, pouco importa qual, que o define, a Biblioteconomia torna a verdade utilizável, quero dizer: não o objeto definitivo do conhecimento, pois que houve arbitrariedade, mas um valor humano, fecundo e caridoso de contemplação. E pelo próprio hábito de fichar, de examinar o livro em todos os seus aspectos e desdobrá-lo em todas as suas ofertas, a Biblioteconomia rallenta os seres e acode aos perigos do tempo, tornando para nós completo o livro, derrubando os quépis e escovando as becas.


Mais informações sobre Mário de Andrade no link:

Leia mais...

Abertas as inscrições para o mestrado em Ciência da Informação na UFPe



Informamos que estão abertas as inscrições para a pós-graduação strcto senso em Ciência da Informação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPe). As inscrições vão do dia 05 de agosto a 03 de setembro de 2009.



A área de concentração, linha de pesquisa, as disciplinas que serão ministradas e o corpo docente podem ser encontrados no link:


Mais informações no edital:


Boa sorte para quem tentar!!!
Leia mais...

Modelo de Biblioteca Escolar





Aprovamos, no início de julho de 2009, o programa de extensão que se chama: MODELO DE BIBLIOTECA ESCOLAR. A proposta visa oferecer uma nova imagem a bibloteca escolar tornando-a um espaço de prestação de serviços e mediação informacional. A execução do programa será feita no município de Juazeiro do Norte - Ceará em virtude de ter sido aprovado como atividade extrensionista do curso de Biblioteconomia deste município. O projeto além de uma perspectiva social, cultural e educativa da biblioteca, também prima por uma mobilização política, haja vista que a biblioteca escolar possui um mercado potencialmente pleno para a área de Biblioteconomia, mas que precisa ser transformado em algo efetivo.


Ressaltamos que esta proposta de extensão vem como continuidade da campanha desenvolvida nos anos de 2006 e 2007 em Fortaleza que foi chamada de: CADA ESCOLA UMA BIBLIOTECA E CADA BIBLIOTECA UM BIBLIOTECÁRIO.

Os objetivos iniciais do projeto são:

GERAL

Desenvolver atividades diversas na biblioteca escolar, visando reconhecê-la como instrumento efetivo de prática social, educativa e cultural em uma escola do tipo A (área urbana) e outra do tipo do D (área rural) no município de Juazeiro do Norte.

ESPECÍFICOS

Promover atividades de leitura e escrita estimulando o senso de interpretação e criticidade dos alunos;

-Desenvolver a teoria e a prática da pesquisa escolar criando uma interlocução da pesquisa no ensino básico com o ensino superior a fim de fomentar nos alunos o sendo da investigação e do questionamento;

-Mostrar à comunidade escolar as possibilidades de serviços da biblioteca no estímulo ao desenvolvimento da pesquisa e do gosto pela leitura;

-Sensibilizar a sociedade no que se refere às potencialidades sociais, educativas e culturais da biblioteca escolar;

- Promover cursos de capacitação para professores, alunos e funcionários referentes a questões de cultura, leitura, informação, pesquisa, metodologia de ensino, marketing em bibliotecas, dinamização do acervo, etc.

-Diversificar os meios de incentivo à leitura em diferentes mídias;

-Valorizar o bibliotecário como profissional habilitado para trabalhar na biblioteca escolar;-Reflexão da realidade sócio-educacional e cultural cearense observando a realidade dos investimentos feitos pelos governos Federal, Estadual e Municipal nas bibliotecas escolares.

Em breve estaremos disponibilizando mais informações sobre esta proposta extensionista que vem com a finalidade de revolucionar o que se concebe por biblioteca escolar no Brasil.
Leia mais...

Bibliotecas digitais de Teses e Dissertações



Abrimos espaço para disponibilizar links de diversas Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, tanto em nível nacional como internacional.


NACIONAIS


Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - IBICT
http://bdtd.ibict.br/bdtd/
E-mail: Hélio Kuramoto - kuramoto@ibict.br

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - USP
http://www.teses.usp.br/
E-mail: http://www.teses.usp.br/contato.html

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFRGS
http://www.biblioteca.ufrgs.br/bibliotecadigital/
E-mail: bdtd@bc.ufrgs.br

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFSCAR
http://www.bdtd.ufscar.br/
E-mail: http://www.bdtd.ufscar.br/contato.php

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - CAPES
http://servicos.capes.gov.br/capesdw/Teses.do
E-mail: cac@capes.gov.br

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UNICAMP
http://libdigi.unicamp.br/
E-mail: bibdig@unicamp.br

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - FAPESP
http://fapesp.bvs.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/teses/?IsisScript=iah/iah.xiclang=Pbase=TESES
lang=Pbase=TESES

Biblioteca Digital de teses e Dissertações - UnB
http://www.bce.unb.br/
A Universidade Federal de Brasília - UnB disponibiliza através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - BDTD : http://machado-assis.bce.unb.br/bdtd/ , em parceria com o IBICT, a produção científica (teses e dissertações)em formato digital, publicada originalmente em formato impresso. Termo de autorização: http://www.bce.unb.br/principal/conteudo.php?tipo_informacao=8codigo=205
codigo=205

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UCG (Goiás)

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFG

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UERJ

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFAL

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFAM

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFBA

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFC
http://www.biblioteca.ufc.br/

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFJF

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFLA

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFPel

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFRN
http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado/

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFSC
http://aspro02.npd.ufsc.br/htdig_teses/
E-mail: sigrid@bu.ufsc.br
Biblioteca digital da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, que disponibiliza teses e dissertações na área de Biblioteconomia e Ciências da Informação. Catálogo geral no sistema Pergamum http://aspro02.npd.ufsc.br/biblioteca/php/opcoes.php

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - FURG

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - Mackenzie

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUC Brasília

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUC Campinas

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUC Minas

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUCPR

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUCRS

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - PUCSP
http://www.sapientia.pucsp.br/

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
http://www.ndc.uff.br/
E-mail: sir@ndc.uff.br

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFMA
http://www.tedebc.ufma.br/

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFMG
http://www.bn.ufmg.br/

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFPA

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFPB

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFPE
http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado/

Biblioteca digital de Teses e Dissertações - UFSM
http://www.ufsm.br/
E-mail: http://bibweb.si.ufsm.br/

Biblioteca Digital da UNESP
http://www.biblioteca.unesp.br/bibliotecadigital/
Utiliza o sistema Nou-Rau da UNICAMP, implementando um serviço online para armazenamento e obtenção de documentos, provendo acesso controlado e mecanismos eficientes para busca. Formulário de autorização para teses e dissertações: http://www.biblioteca.unesp.br/pages/Authorization/TheseAuthorizationForm.html

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFU

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - ULBRA

Domínio Público - Teses e Dissertações
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.jsp

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - INPA


INTERNACIONAIS


Australian Digital Theses Program - ADT
E-mail: diane.costello@caul.edu.au

Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes - BVMC
http://www.cervantesvirtual.com/tesis/tesis_catalogo.shtml
E-mail: bibliotecario@cervantesvirtual.com

Catálogo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCCAMP
http://www.puc-campinas.edu.br/biblioteca/
Possibilita realizar buscas no catálogo on-line VTLS, base LVMEN: http://virtua.puc-campinas.edu.br/cgi-bin/gw_44_4/chameleon/

Catálogo do Depósito de Dissertações e Teses Digitais - Biblioteca Nacional de Portugal
http://dited.porbase.org/
Possibilita pesquisar no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal sobre teses e dissertações. Para fazer buscas simples http://dited.porbase.org/jsp/user/search/simplesearch/index.jsp

CCSD : thèses-EN-ligne
http://tel.ccsd.cnrs.fr/
E-mail: adminiTEL@ccsd.cnrs.fr
Projeto do CNRS - Centre National de la Recheche Scientifique, que disponibiliza teses universitárias interdisciplinares nos domínios da ciência.

Cisne. Catálogo de la Biblioteca de la Universidad Complutense de Madrid - UCM
http://cisne.sim.ucm.es/search*spi~S7
E-mail: bucweb@buc.ucm.es
Catálogo que contem mais de 7.000 teses digitalizadas, publicadas na UCM entre 1990 e 2000, das quais quase 3.000 podem ser consultadas livremente na Internet.

Digital Dissertation
http://wwwlib.umi.com/dissertations/search
E-mail: tsupport@il.proquest.com
Biblioteca Digital de teses e dissertações na área de Ciências da Informação.

Metadiss - Dissertações da Biblioteca Nacional da Alemanha
http://deposit.ddb.de/metadiss.htm
Diretrizes sobre o METADISS formato para documentos on-line da Deutsche Bibliotek (Biblioteca Nacional da Alemanha)e do projeto Dissertationen Online. Para o acesso online de dissertações desde 1998 no idioma inglês : http://deposit.ddb.de/netzpub/web_online-hochschulschriften_e.htm

Networked Digital Library of Theses and Dissertations Union Catalog - NDLTD
http://zippo.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon
Catálogo coletivo sobre teses e dissertações. Projeto desenvolvido pela NDLTD e a VTLS Inc.

Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações - PUCPR
http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde_busca/index.php
Biblioteca Digital da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR tem como objetivo armazenar e disponibilizar eletronicamente as teses, dissertações, monografias e outras publicações científicas produzidas pela Universidade.

TESEO - Bases de Datos de Tesis Doctorales
http://www.mcu.es/TESEO/index.html
E-mail: teseo@cuniv.mec.es
Base de dados de teses do Consejo de Coordinación Universitária, recolhe e permite recuperar informações das teses lidas e consideradas aptas na universidades espanholas desde 1976.

Theses Canada Portal
http://www.collectionscanada.ca/thesescanada/index-e.html
E-mail: http://www.collectionscanada.ca/comments/index-e.php?title=Theses
Portal de acesso e pesquisa a teses e dissertações publicadas pelas instituições canadenses no período de início de 1998 a 31 de agosto de 2002.

Universal index Doctoral Dissertation in progress (The)- PhdData
http://www.phddata.org/
Este site é produto da iniciativa combinada e os esforços de diversos estudantes de doutorado nos EUA, na Argentina e na Israel.
Leia mais...

Links de Teses e Dissertações disponíveis em CI




Abrimos espaço para expor alguns sites e sistemas que dispõem um conjunto de TESES e DISSERTAÇÕES na área de CI.



ECA/USP (Dissertações e Teses)


UFMG (Dissertações e Teses)




UNB (Dissertações e Teses)



UNESP - Marília (Dissertações e Teses)



UFSC (Dissertações)



UFPB (Dissertações)



UFBA (Dissertações)

http://www.posici.ufba.br/ (disponibiliza apenas as referências entre os anso de 2001 a 2005)


UFF/IBICT - UFRJ/IBICT (Dissertações e Teses)

http://www.uff.br/ppgci/editais/tesesdou.pdf (disponibiliza referências de Teses entre 1994 e 2005)

http://www.uff.br/ppgci/editais/tesesmes.pdf (disponibiliza referências de Dissertações entre 1972 e 2004)









Leia mais...

Extensão universitária no Brasil: a necessidade de olhares mais atentos



A atividade de extensão universitária está consagrada no artigo 207 da Constituição Federal que dispõe “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Porém, é preciso entender que esse tripé não pode ser analisado isoladamente. Isso mostra a questão da interdependência de Ensino, Pesquisa e Extensão. São áreas autônomas, mas ao mesmo tempo precisam uma da outra para o desenvolvimento da atividade com mais eficiência.


No caso do ensino precisar da pesquisa, é o caso de que o conteúdo precisa ser bem transmitido, além de estar em constante renovação e adequação às condições de mercado e da sociedade. Um ensino sem uma pesquisa constante apresenta sinais de monotonia, apatia, ou mesmo superficialidade. Já com relação ao ensino precisar da extensão se refere a possibilidade que esta oferece aquela para que o conhecimento seja levado de maneira aplicada a realidade da sociedade. Em outras palavras, o ensino necessita da extensão para levar seus conhecimentos à comunidade e complementá-los com aplicações práticas. A extensão precisa do ensino para se fazer expressar diante de sociedade, bem como da pesquisa para desenvolver um processo de problematização, reflexão e solução das causas. A pesquisa, por sua vez, tem sua dependência no ensino no que tange a possibilidade de inovações, nova problematizações e reflexões, assim como da extensão para aplicação dos seus estudos, visando saber se está sendo bem desenvolvido. Por isso, essa proximidade latente entre esses três pilares de sustentação da universidade.

Agora, a pergunta que não quer calar: por qual motivo o ensino e a pesquisa são tão valorizados no meio acadêmico, enquanto a extensão é relegada a um plano inferior? O motivo principal é que o ensino e a pesquisa na percepção mercadológica, acadêmica, intelectual e produtiva propiciam resultados e um grande retorno para as universidades, para o Estado e para as empresas privadas (uma das principais parceiras das universidades no fomento à pesquisa), enquanto a extensão gera gastos que comumente não dão tanto retorno financeiro para as instituições de nível superior.


A valorização do processo de ensino e especialmente da pesquisa em detrimento da extensão nos fazem refletir sobre o tripé ensino – pesquisa – extensão. Na verdade, esse tripé não deve existir de maneira isolada, mas sim de forma interligada, pois como mesmo comentamos ensino, pesquisa e extensão são interdependentes e para se fortalecerem, precisam de atividades aproximadas e interligadas. O estudioso Pedro Demo assinala que uma atividade acadêmica, para se constituir como promissora deve ser articulada e integrada a fim de que possa alcançar diversos setores da universidade (outros professores, estudantes) e em diversos espaços (sala de aula, fora da universidade, etc.). Porém, muitas vezes essa situação não ocorre.


A pesquisa possui todo um critério institucional e burocrático para ser aprovado e o primeiro deles é que qualquer projeto de pesquisa na universidade só pode ser aprovado com a assinatura e/ou coordenação de um professor que possua doutorado e seja considerado bolsista de produtividade. No setor de extensão e ensino as coisas já mudam de figura, pois o professor não precisa ser necessariamente doutor para aprovar um projeto. Esses acontecimentos criam uma profunda valorização da pesquisa diante das demais categorias acadêmicas (ensino e extensão). Logicamente que é preferível que os docentes se capacitem e cresçam no seio da academia, mas esse tipo de prática, apenas hierarquiza e estabelece uma disparidade de importância entre ensino – pesquisa – extensão, bem como entre os próprios docentes, pois há muitos professores que não possuem doutorado que estão aptos a coordenar atividades de pesquisa (formação intelectual), mas não possuem o status (formação acadêmica). Dessa forma, os docentes que não se encaixam na possibilidade de coordenar um projeto de pesquisa recorrem as atividades de extensão e ensino para mostrarem suas produções. E muitos docentes que são doutores, percebendo a desvalorização das atividades de ensino e extensão, recorrem aos projetos de pesquisa, mesmo que esses projetos sejam mais adequados para ensino e extensão.


Com relação a extensão para se fazer uma atividade neste setor, os critérios são um tanto quanto confusos. Para se enquadrar numa proposta de extensão o docente pode partir basicamente para os seguintes tipos de atividades: Programa, Projeto, Evento, Curso, Prestação de Serviço e Produção e Publicação. Até aí tudo bem, mas o grande agravante é que os próprios órgãos da educação não delimitam o significado de cada tipo de atividade. Por exemplo, qual a diferença entre Programa e Projeto? A priori, é concebível que o Programa é mais amplo do que o projeto, haja vista que constitui uma atividade planejada e que não tem um fim programado ou que o término está longe de ocorrer, enquanto o projeto é uma atividade com programação definida e com a finalidade melhor definida. Porém, é difícil encontrar um critério específico por algum órgão educacional como o MEC ou as próprias Pró-Reitorias de Extensão (PROEx) que caracterize essas diferenças entre os tipos de atividades de extensão. Agora, muitos professores optam pelo Programa, pois nos editais de concursos para o envio das atividades extensionistas, normalmente os Programas são mais valorizados e estipulam uma premiação mais alta.


Por isso, entendemos que é necessário repensar as práticas acadêmicas, as produções dos docentes e discentes. Pensar as atividades acadêmicas de forma isolada é no mínimo mostrar que a universidade brasileira ainda não está madura para compreender os processos científicos, sociais, mercadológicos, cotidianos e humanos que a norteiam. Mesmo que um projeto seja estipulado como ensino, pesquisa ou extensão é preciso que esses fatores estejam intimamente ligados, tanto para o crescimento do projeto, como para uma satisfação do público que será contemplado. Pensar também as atividades acadêmicas apenas pela hierarquização em detrimento da intelectualidade e aplicabilidade de idéias é considerar que o tripé ensino – pesquisa – extensão está posto simplesmente para estabelecer uma disparidade no valor e no sentido de uma produção acadêmica.


Enfim, é preciso um olhar mais atento para a extensão, visando diminuir essas disparidades de valores e importância nos projetos desenvolvidos para que a universidade seja vista realmente como um espaço democrático de produção e valorização a partir da capacidade do indivíduo e não apenas pelo seu status. É preciso mostrar também que as atividades de extensão bem planejadas e bem executadas permitem à universidade socializar e democratizar os conhecimentos dos diversos cursos e áreas, e também preparar seus profissionais, não somente com a estratégia do ensino-transmissão, mas complementando a formação com a estratégia do ensino-aplicação criando uma ligação natural com o ensino e a pesquisa de modo dinâmico, criativo e inovador.

Jonathas Carvalho

Para mais informações sobre extensão universitária, eis alguns textos:

Leia mais...